Histórias arrancadas do peito

“Quando eu era adolescente, tinha pesadelos sobre virar adulto. Eu morava em um bairro difícil, como as favelas daqui. Não que eu tivesse danos psicológicos, mas era um sentimento que transbordava, e isso está no filme ‘Boyz n the hood’ (Os Donos da Rua).” As palavras são de John Singleton, reconhecido diretor de Hollywood, que se encontra no RioContentMarket para falar sobre a sua mais nova produção, o seriado ‘Rebel’. Os participantes do evento, contudo, não conseguiram evitar falar sobre o clássico de 1991 e Singleton não hesitou em responder. “Eu não sabia o que estava fazendo, não sabia como dirigir um filme. E continuo fazendo isso: em cada projeto eu preciso me encontrar para achar a alma da obra e esculpi-la”, disse.

 

Entrevistado pelo diretor brasileiro, Jefferson De, e pela diretora de Programação Original do canal BET, Zola Mashariki, Singleton falou sobre o processo de produção de ‘Rebel’, suas influências e sua obra em termos gerais. “Eu sou o tipo de diretor que planeja tudo com antecedência, mas quando chega o momento… é como o jazz. A gente começa a brincar, a mexer com os personagens. Eu mesmo pego a câmera e experimento”.

 

Entre as influências para a criação de ‘Rebel’, o diretor mencionou o filme noir dos Estados Unidos das décadas de 40 e 50, época de Humphrey Bogart e de personagens sombrios, uma estética influenciada pela segunda guerra mundial. “Eu quis fazer algo similar com uma mulher negra, que nesse caso tem que solucionar uma guerra dentro de casa. Por isso, será muito diferente do que já foi visto”, disse o diretor.

 

Zola Mashariki, por sua vez, contou como o projeto chegou às suas mãos. “Ele falou que não seria apenas mais uma série policial, mas estaria focada na construção da personagem. Não queríamos que fosse uma mulher negra idealizada, mas mostrar uma pessoa real, com suas virtudes e falhas”.

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