Novo Conselho Federal da BRAVI reflete contexto mundial de participação feminina no audiovisual

As mulheres preenchem cinco cadeiras do novo Conselho Federal da BRAVI, eleito no dia 27 de março em assembleia em São Paulo. O número é reflexo cada vez maior das políticas da associação em relação à participação feminina na produção audiovisual independente. A chapa Produtoras Independentes Brasileiras foi eleita para o triênio 2019/2022.

Todas as profissionais eleitas são atuantes e reconhecidas no mercado. Elas terão como atribuições apoiar e promover a instalação de representações regionais da associação em todo o território nacional, tomar decisões referentes à execução de projetos e programas da associação, criar comitês, entre outras.

Clélia Bessa, da Raccord Produções, pioneira como conselheira da BRAVI, atua há décadas no setor e fala sobre os avanços na área. “Tradicionalmente, as mulheres sempre tiveram maior participação, quando se fala em cinema, na produção. Com o tempo, conquistaram espaços técnicos, de criação, de liderança. Estamos longe do ideal, mas chegaremos lá. Ainda vivemos em um ‘mundo masculino’, mas o setor audiovisual tem seguido esse anseio da sociedade na busca pela paridade, e o novo conselho da BRAVI é prova disso”, diz Clélia.

Geórgia Costa Araújo, da Coração da Selva, afirma que o avanço institucional nesta discussão tem se acelerado nos últimos anos. Como exemplos, cita a presença de mulheres em cargos máximos em agências públicas e empresas, e a criação de políticas com vistas ao tema (como reserva de cotas em editais e campanhas contra assédio sexual).

“É um avanço importante, que ainda depende de um longo caminho do ponto de vista cultural”, afirma Geórgia. “Se antes entrar no mundo audiovisual era uma barreira para mulheres, hoje temos novos desafios, como a questão da remuneração, do reconhecimento na carreira e da criação de ainda mais oportunidades.”

Espaço de escuta

Estreante no conselho da BRAVI, Maria Carneiro da Cunha, da Giros, também vê avanços e novos desafios para as mulheres. “Ocupar espaços de discussão e de tomada de decisão é um passo importante para as mulheres no setor audiovisual, como vemos nesta composição do novo conselho da BRAVI. Mas não podemos parar apenas no volume feminino em espaços físicos. Há ainda que se conquistar espaços de escuta para que sejamos ouvidas, para ficar em um exemplo”, declara.

Vânia Lima, da Têm Dendê, também estreia no conselho. Ela atenta para a importância não só da representatividade feminina, mas do contexto bem mais amplo em que essa discussão está inserida. “Quebrar barreiras a favor da representatividade das mulheres passou a ser uma obrigação para entidades sérias, como a BRAVI, que reúne tantas identidades nacionais”, afirmou. “E essa discussão não se limita a nós, mulheres. No momento em que a trazemos à tona, também reverbera tantas outras, como a presença das questões de gênero, afro brasilidade, entre várias outras essenciais à democratização do audiovisual.”

O presidente executivo da BRAVI, Mauro Garcia, afirmou que a entidade tem investido em iniciativas que fortaleçam a presença feminina no setor, acompanhando um contexto mundial.  “O setor audiovisual cada vez mais refletirá a participação feminina em toda a cadeia criativa e produtiva”, disse Garcia.

Conheça um pouco mais do currículo dos conselheiros e outras informações sobre a assembleia clicando nos links abaixo:

Currículo e descrição dos representantes da chapa

–  Proposição apresentada pela chapa

Estatuto da BRAVI

Legenda da foto: A partir da esquerda, Maria Carneiro da Cunha, Geórgia Costa Araújo e Clélia Bessa participam de assembleia da BRAVI

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