“Secretaria do Audiovisual atua fortemente no fomento a produção e capacitação técnica, com foco na regionalização e na inovação”, afirma João Batista Silva

O Secretário do Audiovisual João Batista Silva é categórico ao afirmar que uma das vocações do órgão que hoje comanda é o fortalecimento da formação técnica para o setor, bem como a formulação de políticas de preservação do acervo brasileiro. “Temos também a responsabilidade de incentivar as atividades regionais e de incluir demandas importantes no setor audiovisual, como a diversidade de gênero e raça, contribuindo com isso para o surgimento de novos talentos”, disse Silva em entrevista exclusiva para a reportagem do site da BRAVI.

“Em 2017, uma de nossas principais medidas para fortalecer a formação de mão de obra será a retomada de 22 Núcleos de Produção Digital, a maior parte instalada em Instituições Federais de Ensino. Esses núcleos são dotados de equipamentos para o treinamento técnico, terão uma grade de atividades com duração até o final de 2018, além de oficinas que devem circular pelo país inteiro. Outra iniciativa é a formalização da parceria com a Motion Picture Association of America (MPAA), que trará profissionais renomados para ministrar cursos de alto padrão direcionados a brasileiros que atuam em Cinema e TV, abordando questões como a qualificação de roteiro, direção, fotografia, entre outros. Estamos conversando com a associação para definir o escopo desse projeto”, adianta o secretário.

Entre as prioridades do órgão vinculado ao Ministério da Cultura está também a ampliação da regionalização do trabalho audiovisual brasileiro. Uma das ideias é criar estruturas regionais que garantam suporte técnico para finalização das obras, sem que haja necessidade de realizadores das diversas regiões se deslocarem para os grandes centros. “Vamos envolver o Senac e algumas outras instituições”.

Silva falou ainda sobre os editais mais recentes lançados pela secretaria, atualmente cinco. “Lançamos um edital de apoio a festivais e mostras audiovisuais, um de curta-metragens para novos realizadores e realizadoras mulheres, um para aplicativos culturais com foco em cinema, outro para canal web – primeira iniciativa nacional –e outro para roteiristas com tutoria de profissionais experientes. Além desses, entre 2017 e 2018, lançaremos uma nova linha do Fundo Setorial – FSA para longas-metragens de baixo orçamento, que têm rendido trabalhos de sucesso, como Amarelo Manga (Cláudio Assis, 2002), O Som ao Redor (Kléber Mendonça Filho, 2013) entre outros, e ainda a linha de longa-metragem de animação e a linha de telefilmes e de coprodução no âmbito do Mercosul. “Todos esses editais seguem a premissa de valorização da produção regional, dos novos talentos e de alcance às demandas afirmativas de gênero e raça. A maioria das produtoras são empresas nível 1 de acordo com a Ancine, ou seja, são pequenas”. Os editais fazem parte do Programa Nacional de Fomento ao Audiovisual (Proav), lançado este ano pelo Ministério da Cultura com investimentos de R$ 8,6 milhões do FNC, e mais a segunda etapa a ser lançada com investimentos de 37,5 milhões do FSA, que juntos contemplarão um total aproximado de 180 projetos do setor.

“Para o segmento de produção independente, acredito ser interessante destacar o trabalho de preservação de obras que temos desempenhado, pois na produção de TV e cinema, existe grande demanda de pesquisa e material de arquivo. Estamos em fase final de formalização de Contrato de Gestão com a Associação de Comunicação Educativa Roquete Pinto (Acerp), que tem trabalhado junto com a Cinemateca Brasileira, responsável pelo acervo, e que é ligada a nossa Secretaria”.

Games e multiplataforma

Pensando em audiências mais jovens, a secretaria também tem trabalhado com projetos além das telas tradicionais. “Estamos estruturando uma linha para animação e games derivados dessas criações e voltados para o público infantojuvenil, pois praticamente tudo que é ofertado para essa faixa de público é produção estrangeira. É um trabalho em parceria com a ANCINE e Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e estamos também em diálogo com a Abragames (Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais) e a ABCA (Associação Brasileira de Cinema de Animação). Essa pauta é mais uma iniciativa inédita para produtos multiplataforma no âmbito da política de fomento. Acreditamos que essa é uma pauta que chegou para ficar. Serão quatro editais que incluirão filmes curtos e microsséries de animação com derivação em games e microsséries live action para o público infantojuvenil, com previsão de lançamento ainda em 2017”.

Foto: Acácio Pinheiro / Ascom MinC

Notícias relacionadas