A Associação Brasileira de Produção Independente de Televisão (BRAVI) apresentou um painel na manhã desta terça-feira, 26, no Congresso da SET, abordando a visão de mercado da associação sobre o momento da produção independente no Brasil. Foram destacadas as possibilidades vindas com a Lei 12.485, que trouxe novas regras para o setor de TV por assinatura, incluindo a obrigatoriedade de cotas de conteúdo nacional de produção independente nos canais internacionais. “Tenho certeza de que no final desses 12 anos, prazo de vigência da lei, os resultados serão excepcionais. No entanto, hoje em dia a presença do conteúdo nacional já está além das cotas estipuladas”, observa Mauro Garcia, diretor executivo da associação.
Sócio da Movioca e membro do Conselho Federal da BRAVI, Márcio Yatsuda, explicou os modelos de financiamento para a produção de conteúdo para a televisão (Artigo 3º, Artigo 3º A e Artigo 39), com destaque para o Fundo Setorial do Audiovisual. Segundo Yatsuda, as produtoras também podem levantar recursos junto a investidores, mas é preciso estar estruturado. Depois de seis meses desenvolvendo o plano de negócios da produtora e organizando os departamentos, a começar pelo jurídico, e dando bastante destaque à área de conceituação e desenvolvimento, Yatsuda fechou negócio com um grupo de investidores de áreas distintas do audiovisual. “O que atraiu os investidores? O conceito de perpetuidade, a possibilidade que a propriedade intelectual gerar receitas por muito tempo. Esse ponto chama a atenção”, diz.
Um dos maiores exemplos de propriedade intelectual que gera receita ao longo do tempo é a série de animação “Peixonauta”, da TV PinGuim, que está no ar há cinco anos no Discovery Kids, foi vendido para 82 países, é exibido em 12 línguas diferentes, ganhou segunda temporada, gerou um novo formato (“Peixonáutico”, mistura de animação e live action), um longa-metragem que deve estrear em 2015, eventos em shoppings, musical, redes sociais, aplicativos, canal no YouTube e VOD. “É preciso manter a marca viva”, enfatiza Kiko Mistrorigo, membro do Conselho Federal da BRAVI e sócio da TV Pinguim. Ele também destacou a importância do Brazilian TV Producers, o programa internacional da BRAVI em parceria com a Apex criado em 2004, que deu força e credibilidade aos produtores brasileiros que buscavam parceiros de negócio nas grandes feiras e mercados internacionais.
Júlio Worcman, diretor do canal Curta!, contou a saga de criação do canal superbrasileiro (12 horas diárias de programação independente nacional), que estreou nos pacotes básicos das operadoras como cumprimento das cotas de empacotamento, chegando em pouco tempo a mais de 10 milhões de assinantes. Worcman destacou que o principal mecanismo para financiamento das atrações do canal é o Fundo Setorial do Audiovisual, que ainda precisa ser aprimorado e agilizado. Em 2014, o Curta! entrou como parceiro de 50 projetos, que somam 260 horas de programação.
Por fim, Carla Esmeralda, curadora do RioContentMarket e especialista no desenvolvimento de projetos culturais e audiovisuais, destacou a importância crescente do evento, que teve 1.200 participantes na primeira edição e chegou a 3.500 na quinta edição, a de 2014. “O evento já é conhecido por decidir a pauta dos conteúdos audiovisuais do ano”, ressalta.
A participação da BRAVI no encontro é resultado de uma parceria firmada no começo do ano com a Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET), que prevê reciprocidade nos eventos e atuação conjunta em seminários regionais e outros tipos de eventos. O objetivo do acordo é fortalecer a atuação da entidade e empresas associadas em todas as regiões do país.