O presidente da Ancine, Manoel Rangel, participou de painel no Rio Content Market nesta terça, 9, em que respondeu a questões colocadas por diferentes entidades representativas dos produtores audiovisuais.
Adriano Civita, da ABPI-TV, perguntou se poderia haver linhas do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual) para coproduções internacionais nas quais a produtora brasileira tivesse uma participação minoritária, o que, segundo ele, daria ao Brasil condições de participar mais ativamente do mercado global.
Rangel disse que as políticas nacionais (não apenas do Brasil) têm como foco não apenas o fortalecimento da atividade audiovisual, mas também o controle das propriedades intelectuais. Ele lembrou que já há possibilidade de coprodução quando há participação técnico-artística de brasileiros, e que o Brasil tem diversos acordos internacionais a respeito. A maioria, disse, ainda é só para cinema, mas estão sendo expandidos para TV, como foi feito em 2015 com a Alemanha. Há ainda uma linha específica para a América Latina na qual o Brasil pode ser minoritário.
Paulo Schmidt, da Apro, perguntou se poderia haver uso do FSA e incentivos para os conteúdos de marca (branded content).
O presidente da Ancine afirmou que não há esta possibilidade, e que conteúdos com teor publicitário devem ser integralmente bancados pelos anunciantes. Pode haver merchandising nas produções, mas a estrutura narrativa não pode estar a serviço da marca. “Recomendo que ninguém busque estressar estes limites”, alertou.
Denise Gomes, do Siaesp, perguntou se podem ser criadas linhas específicas do FSA para além da América Latina, por exemplo para o Canadá, e linhas específicas para coprodução internacional.
Rangel disse que a agência pode caminhar nessa direção desde que os outros países também o façam. O caso da América Latina, disse, é diferente, “pois pertencemos a esse lugar, há uma política de integração”. Ele disse que o Brasil tem caminhado neste sentido com Portugal e que também foram criadas as linhas com Argentina e Uruguai. Está sendo desenvolvida uma com a Itália. A Ancine, conta, vai abrir também em maio um edital com o Chile e com o México. “Podemos fazer também com outros países, esse é um caminho que estimula a integração”, disse.
Silvia Rabello, do Sicav, lembrou que não existe um mercado forte sem empresas fortes, e perguntou se é possível negociar mais recursos para o FSA. Disse ainda que falta investimento para infraestrutura e para o financiamento das empresas, além de recursos para preservação e restauração de materiais.
O presidente da Ancine lembrou que estamos vivendo um momento de crise econômica e queda na arrecadação, e que será difícil pleitear mais recursos. “O governo manteve os patamares de investimentos em 2013 e 2014 e até aumentou em 2015”, lembrou. Precisamos caminhar, disse ele, para uma linha de financiamento para as empresas com juros subsidiados. Preservação também é um ponto importante da política, afirmou, mas lembrou que está a cargo da Secretaria do Audiovisual, e não da Ancine.
Fonte: Tela Viva