O sábado, 9, começou cedo no cinema l’Arléquin dentro da programação do 18º Festival de Cinema Brasileiro de Paris: às 10h30, crianças e adultos estavam na sala principal para assistir a animação “As aventuras do pequeno Colombo”, de Rodrigo Gava e Eduardo Campos. O produtor do filme, Marco Altberg, estava presente na sessão.
Às 13h20, foi apresentado o único filme não inédito do festival. Trata-se do longa “Viajo porque preciso, volto porque te amo”, dos diretores Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, de 2009, e que mistura os gêneros documentário e ficção. O filme, que abocanhou vários prêmios na época em que foi lançado, está sendo lançado na França em formato DVD.
Karim esteve presente no Arléquin e participou de um debate com uma plateia numerosa e interessada. “O filme é sobre o nordeste do Brasil, uma região mística, considerada um pouco como o faroeste brasileiro. A ideia era mostrar o estado das coisas na região naquele momento.”
![Foto: Cristina Granato Katia Adler e Karim Aïnouz também compareceram à mostra em Paris](http://www.jb.com.br/media/fotos/2016/04/10/627w/katia-adler-e-karim-ainouz-tambem-compareceram-a-mostra-em-paris.jpg)
Antes mesmo do fim do debate, que aconteceu no hall do cinema, a sala principal já se enchia de espectadores para a projeção de “Betinho, a esperança equilibrista”, de Victor Lopes. O documentário mostra a luta do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, pelo combate à fome no Brasil.
Durante o bate-papo entre o diretor Victor Lopes e o público, que sucedeu a projeção, os ânimos ficaram à flor da pele. O teor altamente politizado do filme, somado ao momento atual que o Brasil atravessa, levou os participantes a exporem seus pontos de vista sobre política, num debate acalorado, que se estendeu por mais de 40 minutos.
“Acho que se nos indignássemos com a desigualdade como nos indignamos com a corrupção estaríamos muito melhor”, disse Victor Lopes sobre a situação atual do Brasil.
Na sala Panorama, a sala principal do Arléquin, o filme seguinte, “Olmo e a gaivota”, das diretoras Petra Costa e Lea Glob, já entretinha novos espectadores. Um filme com grande teor metalinguístico, no qual os limites entre a ficção e a realidade se confundem, e que também pode ser considerado um documentário / ficção.
![Foto: Cristina Granato Os atores Olivia Corsini e Serge Nicolaï](http://www.jb.com.br/media/fotos/2016/04/10/300w/os-atores-olivia-corsini-e-serge-nicolai.jpg)
Os atores do filme, Olivia Corsini e Serge Nicolaï, responderam às perguntas da plateia depois da projeção com muito bom humor e simpatia.
Na sequência, às 19h30, foi a vez de “Campo Grande”, de Sandra Kogut. O longa conta a história de duas crianças abandonadas pela mãe em frente a um edifício em Ipanema, no Rio de Janeiro, com um bilhete escrito o nome de uma mulher. As crianças são acolhidas e suas vidas são transformadas.
Sandra Kogut e a atriz Julia Bernat conversaram com a plateia, que se interessou por saber como foi a preparação das crianças para as filmagens. “O tempo de preparação foi longo e as crianças eram tratadas como qualquer outro ator. Criamos um espaço íntimo e protegido para trabalhar sobre as emoções”, explicou Sandra Kogut.
![Foto: Cristina Granato Sandra Kogut e Julia Bernat participaram da do Festival](http://www.jb.com.br/media/fotos/2016/04/10/627w/sandra-kogut-e-julia-bernat-participaram-da-do-festival.jpg)
O último filme da noite foi o premiado “Boi Neon”, que conta a história de Iremar, um homem que vive nos bastidores nas vaquejadas no nordeste e sonha em e tornar estilista. O filme levou o prêmio especial da mostra Orizzonti do Festival de Veneza em 2015, além de vários outros prêmios dentro e fora do Brasil.
A noite foi fechada com o forró animado do Leo di Mola Trio, que botou todo mundo para dançar. O hall e o bar do cinema ficaram lotados, com muita gente dançando o rastapé e bebendo as deliciosas caipirinhas servidas pela equipe do festival.
Fonte: Jornal do Brasil