‘O menino e o mundo’ já colhe frutos de Annecy

Premiado no festival de animação, filme inspira mostra no Anima Mundi e é cotado para o Oscar

Depois de ganhar os prêmios do júri e do público do Festival de Annecy, na França, considerado o “Oscar” da animação, o longa-metragem “O menino e o mundo”, dirigido por Alê Abreu, volta ao Brasil com o gosto do sucesso. Além de reestrear em sete salas pelo Brasil, o filme é apontado pela imprensa especializada em cinema como um forte concorrente a uma indicação ao Oscar (propriamente dito) de melhor animação. O Anima Mundi, que começa dia 25 de julho, terá em sua programação palestra de Alê, no dia 1º de agosto (com exibição do longa), além de uma mostra com as artes do filme. Será a primeira vez em que o cineasta fala sobre o “filho” em seu país natal.

— Acho que fizemos um filme na contramão da indústria. E em Annecy elogiaram o vigor de “O menino e o mundo”, dizendo que ele traz um ar novo para a animação, na qual o 3D está na moda. Parece que a indústria está procurando esse vigor. Devo o sucesso do filme à forma como fazemos cinema no Brasil. Aprovei meu filme na Ancine, captei os recursos e não devo nada a ninguém — afirma Alê Abreu.

 

Assediado na rua por estudantes de animação já antes do anúncio do prêmio, ele agora negocia com distribuidoras estrangeiras. A americana GKids já comprou os direitos do filme. Em 2012, ela se tornou a primeira distribuidora independente a ter dois filmes indicados ao Oscar de animação — o que cria a expectativa de que “O menino e o mundo” seja indicado. De todo modo, o vencedor de Annecy costuma figurar pelo menos na pré-lista.

Ao mesmo tempo, “O menino e o mundo” acaba de voltar a sete salas de cinema pelo Brasil — depois de estrear em janeiro e ficar em cartaz por alguns meses. Aqui no Rio de Janeiro, o filme é exibido no Espaço Itaú, em Botafogo, às 15h40m. As outras cidades onde ele voltou a ser exibido são São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Florianópolis e Belém.

O filme, que mistura lápis de cor, giz de cera, colagem e outros materiais e técnicas, tem sua estética inspirada em Joan Miró e Paul Klee, diz o diretor. A animação conta a história de um menino que, sentindo a falta do pai, deixa sua aldeia para procurá-lo e descobre um mundo fantástico. Com forte tom político, o roteiro aponta os problemas do mundo moderno pelos olhos da criança.

— Outra referência foi a canção de protesto, com nomes como Violeta Parra e Victor Jara — afirma Alê Abreu.

O animador lembra ainda que, por não ter um roteiro inicial e contar com um processo de criação intuitivo, o filme levou quatro anos para ficar pronto. Agora, colhe os frutos.