A demanda por produções audiovisuais brasileiras aumentou nos últimos anos. A notícia é boa para as produtoras nacionais, principalmente para as que têm foco em conteúdo para televisão. A Lei 12.485, também conhecida como Lei da TV Paga, é um dos principais motivos do aquecimento desse mercado no País. Desde que foi sancionada, no final de 2011, os canais a cabo passaram a ter a obrigação de transmitir conteúdo nacional em suas programações.
Hoje, ao menos três horas e meia de conteúdo audiovisual brasileiro têm de ser veiculado semanalmente durante o horário nobre da TV fechada. Metade desse conteúdo precisa ter sido feito por produtoras independentes. A regra vale para os canais qualificados, aqueles que exibem, predominantemente, filmes, séries, animações e documentários.
Nos últimos dois anos, mais de duzentas novas empresas foram registradas na Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (BRAVI). Mauro Garcia, presidente da entidade, acredita que a nova lei deu “grande impulso para o crescimento do setor” e que a consolidação de fundos de investimentos, editais e linhas automáticas têm sido fundamentais para basear essa evolução.
Segundo a Ancine, o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) é a principal ação de fomento desse tipo no País. Em dezembro do ano passado, foi anunciado que R$ 400 milhões serão destinados ao FSA em 2014, o que equivale à soma de tudo que havia sido investido no programa desde que ele começou a funcionar, em 2008.
De acordo com Mauro Garcia, o perfil dos assinantes mais recentes da TV por assinatura é outro aspecto importante para entender o aquecimento do mercado audiovisual brasileiro. Grande parte dos novos telespectadores tem “hábitos de consumo de TV aberta”, o que faz com que canais fechados queiram transmitir conteúdo mais parecido com o que é visto nos canais brasileiros tradicionais, ou seja, mais trabalho para as produtoras nacionais.
Em janeiro de 2013, o jornalista Tiago Mello e dois amigos criaram a Boutique Filmes. Pouco mais de um ano depois, a empresa já produz para canais como Discovery Channel, Cartoon Network, Gloob e Fox. O empreendedor acredita que existe demanda considerável no setor, mas ressalta que é necessário bastante planejamento para se dar bem em uma “cadeia que ainda está se estruturando”.
A importância de ter um projeto bem elaborado também foi algo destacado por Mauro Garcia. O presidente da BRAVI vê problemas de gestão e prestação de contas como a dificuldade principal dos novos empreendedores. Ele acredita que há necessidade de profissionais com boa capacitação administrativa para que esse “momento muito rico” do audiovisual possa ser bem aproveitado.