A Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo (Spcine) está patrocinando a campanha de divulgação internacional da produção brasileira “O Menino e o Mundo”, que concorre ao Oscar deste ano na categoria de melhor longa-metragem de animação. Os contratos de investimento, no valor de R$ 300 mil, foram firmados na tarde desta quinta-feira (4) pelo prefeito Fernando Haddad em reunião com o diretor da animação, Alê Abreu, na sede da Prefeitura.
Primeira produção brasileira indicada nesta categoria, “O Menino e o Mundo” concorre com “Anomalisa”, “Divertida Mente”, “Shaun, o Carneiro” e “Quando Estou com Marnie”. O investimento garante a produção de materiais de divulgação, como mídias que serão entregues ao júri, ações de imprensa no exterior e exibições da produção. A cerimônia de premiação da 88º Oscar acontecerá no dia 28 de fevereiro, em Los Angeles.
“A gente tem dialogado e debatido com vários setores da economia e da economia criativa da cidade, identificando oportunidades para projetar São Paulo em várias áreas no mundo. Estávamos muito restritos e temos de nos abrir cada vez mais para mostrar que São Paulo é ainda mais do que as pessoas veem”, disse o prefeito Haddad.
No último fim de semana, a produtora Filmes de Papel lançou campanha de financiamento coletivo com o objetivo de arrecadar R$ 100 mil para promover “O Menino e o Mundo” e ter mais chances de ganhar a estatueta. “A animação brasileira vem em uma linha de evolução. A gente saiu da água para ir para a terra e colocar o pé na terra significa dar um passo e abrir espaço. Cabe à gente nessa simbologia, com essa experiência, assim como outros centros fizeram, construir o nosso espírito e nos tornarmos ainda mais forte. A Spcine contribui com isso, e com vocês somos mais fortes”, disse o cineasta.
Como contrapartida do investimento, a animação candidata ao Oscar será exibida, junto com “Garoto Cósmico”, também de Alê Abreu, no Circuito SPcine de Cinema, que será iniciado a partir de março nas primeiras 20 salas que estão sendo montadas em Centros Educacionais Unificados (CEUs) e centros culturais, como forma de difundir a cultura audiovisual, em especial, na periferia da capital paulista. Os contratos para gestão das salas, que terão alta tecnologia, foram assinados no início desta semana. Haverá sessões gratuitas e a preços populares.
A Spcine ainda terá um vinheta exclusiva criada pelo cineasta para inclusão em filmes patrocinados pela empresa, participação de 2,5% nas próximas vendas do filme para o mercado internacional e inclusão da marca da empresa municipal nos materiais de divulgação, com a frase “São Paulo: an animation city”.
“Queremos formular junto com o setor uma política pública de fomento específica para a animação e tentar consolidar, cada vez mais, a cidade de São Paulo como a capital do setor”, afirmou o diretor-presidente da Spcine, Alfredo Manevy
Animadores
Além da assinatura dos contratos de investimento em “O Menino e o Mundo”, o prefeito ainda se reuniu com mais de 15 profissionais do setor de animação para debater e discutir políticas públicas específicas para o desenvolvimento do setor. Entre os participantes, estavam presentes integrantes da TV Pinguim, UM Filmes, Coala Filmes, Tortuga Studios, Birdo, Glaz Entretenimento e cineastas como Rosana Urbes e Reynaldo Marchesini.
O grupo, antes do encontro com o prefeito, visitou o Parque Chácara do Jockey, que está sendo reformado para também servir como polo de economia criativa. “Sempre enxergamos a Chácara do Jockey como um local de polo da economia criativa, seja da animação ou ainda do desenho, que de uma maneira ou outra se integram. Precisamos delimitar espaços, ver o que é preciso e a necessidade, mas teremos um laboratório de inovação no local, e o setor de animação pode fazer parte disso”, disse o secretário municipal de Cultura, Nabil Bounduki.
“Esse encontro é histórico, com todos juntos. Não é o começo, porque já estamos em um processo, mas agora queremos montar estratégias específicas para a animação, dialogando, captando ideias, pensando nas linhas automáticas, novos editais e valorizando a formação. Queremos dar um passo além do que foi no ano passado”, afirmou o diretor-presidente da Spcine.
Um dos debates se deu em torno da criação de um local para formação de profissionais para animação na área das antigas cocheiras da Chácara do Jockey. “O que vem acontecendo é o encontro de uma política pública vencedora, iniciada no Ministério da Cultura há 12 anos, que rendeu frutos e agora, com a Spcine, que está dialogando, ouvindo e tornando o processo mais democrático, com a vocação que o Brasil tem na animação. E São Paulo tem vocação para ser um lugar de excelência”, disse o cineasta Luiz Bolognesi, da produção “Uma História de Amor e Fúria”, vencedor do Festival de Aneccy, na França, criado em 1960 e o maior do mundo no setor da animação.
“Mais importante que unir geograficamente é ter infraestrutura para a indústria, oferecendo a tecnologia, o apoio aos profissionais e polarizando a formação, tirando o jovem da rua, não no sentido literal, mas de um lugar e abrir a oportunidade”, afirmou Haddad.
Spcine
Em 2013, a Secretaria Municipal de Cultura deu início a uma nova política de cinema e audiovisual para São Paulo. Nos últimos dois anos, os destaques ficaram para a proposta de criação da Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo (Spcine), os novos editais de desenvolvimento e distribuição e o acordo entre Prefeitura e CAIXA para a retomada do Cine Belas Artes, patrimônio dos paulistanos.
A criação da Spcine foi lançada no fim de outubro de 2013, em evento na Praça das Artes, com a presença de representantes das três esferas de governo. Uma empresa ou agência de fomento para a produção cinematográfica e audiovisual na cidade era uma demanda antiga e frustrada do setor. Após o lançamento, um projeto de lei (PL 772/2013) foi enviado para a Câmara Municipal e aprovado em primeira votação no dia 26 de novembro do mesmo ano por unanimidade, mesmo resultado da segunda votação, que aconteceu no dia 3 de dezembro.
O projeto de lei sancionado em dia 20 de dezembro de 2013 foi resultado da colaboração com dez associações representativas do setor audiovisual, sendo elas: Associação Paulista de Cineastas (Apaci); Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo (Siaesp); Associação Brasileira de Curta-Metragistas e Documentaristas – seção São Paulo; Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais (Apro); Associação dos Roteiristas (AR); Associação Brasileira de Produtores Independentes de Televisão (BRAVI); Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA); Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames); Associação Brasileira das Empresas Locadoras de Equipamentos e Serviços Audiovisuais (Abele); Rede de Coletivos de Artes Visuais (ALT [av]). Em seu primeiro ano, a Spcine investiu mais de R$ 22 milhões e garantiu apoio para 46 diferentes produções.
Chácara do Jockey
Em dezembro de 2014, o prefeito publicou o decreto que cria o Parque Municipal Chácara do Jockey, na Vila Sônia, zona oeste. Com a medida, a cidade ganha 143,5 mil metros quadrados de área verde, que abrigará equipamentos culturais e de esportes. A área pertencia anteriormente ao Jockey Club de São Paulo e foi declarada de utilidade pública para desapropriação pela administração municipal, sem gasto de dinheiro público. A área antes destinada às baias de cavalos, que possui o total de 7.700 metros quadrados, será administrada pela Secretaria de Cultura, e a ideia é que as cocheiras abriguem atividades culturais.
A construção que antes abrigava a residência do administrador será destinada a atividades esportivas, sendo gerida pela secretaria de Esportes, Lazer e Recreação. O espaço, localizado próximo à esquina da rua Santa Crescência com a avenida Francisco Morato, possui 415 metros quadrados. O projeto “Pequeninos do Jockey” terá suas atividades de formação de jovens atletas mantidas. A previsão é que o parque, como área verde, ainda sem os espaços, seja aberta ao público neste primeiro semestre de 2016.
Fonte: Prefeitura de São Paulo