Desde 2011 o Brasil viu acontecer um novo fenômeno no mercado editorial: um milhão de livros vendidos da série Assassins Creed, originalmente do mundo dos games. E para falar sobre esse intercâmbio entre jogos e mercado editorial o RioContentMarket realizou uma mesa de debate com os principais players dessa área. “Até agora já vendemos mais de um milhão e duzentos mil livros de personagens ou séries que tiveram origem nos games. E isso aconteceu porque atingimos o público dos não leitores, aqueles jovens que nunca tinham lido, mas gostavam do game e experimentaram a leitura. Não leitor é aquela pessoa que não leu um livro nos últimos três anos e no Brasil são mais de 100 milhões. Esse nicho tem muito a crescer”, afirmou Ana Lima, editora executiva da Galera Record.
Afonso Solano é curador da Casa da Palavra, outra editora que trabalha com a publicação de livros vindos de games. O publisher conta que para colocar uma obra nas livrarias é preciso avalia-la com alguns critérios em mente. “A boa adaptação de game para livro é aquela que não simplesmente copia a história. É interessante completar lacunas abertas que o game deixou para trás”, diz Solano.
Os livros desse novo gênero tem feito sucesso, mas é necessário uma boa tradução. O público que consome games é crítico e conhece as obras como ninguém, por isso erros ou traduções ruins não passarão despercebidos. Quem fez o relato foi Elton Mesquita, tradutor que trabalha para a Reverb, empresa que tem acordo com a mundialmente famosa desenvolvedora de games Blizzard. “Traduzo os livros de games como Diablo e World of Warcraft e também legendas e dublagens que sairão nas versões brasileiras dos jogos. É muito importante conhecer a fundo a literatura do Brasil, pois essas traduções são complexas e exigem muito cuidado. Com esse conhecimento você tem mais recurso, ousa e deixa a obra mais profunda”, relata Mesquita, que também já traduziu James Joyce.
O caminho inverso é levar uma obra vinda de livros ou quadrinhos e transformar em game. A maior experiência desse tipo no Brasil foi o jogo do Chico Bento criado pela Insolita Studios para Facebook e Orkut, experiência contada em detalhes por Winston Petty, CEO da empresa. “Adaptar uma obre é criar conteúdo, você enriquece e expande o universo. O grande objetivo é adequar o universo do conteúdo que já existe ao novo formato”, explicou Petty.