Publishers de importantes editoras como Rocco, a Companhia das Letras e britânica Bloomsbury vieram ao RioContentMarket 2015 para o painel “Editoras e Identificação de Conteúdo Original”. A editora inglesa Liz Calder reforçou a importância da narrativa. “Histórias que me cativaram têm uma voz própria, distinta, irônica e imaginativa”. Atuante no mercado editorial desde os anos de 1970, a editora publicou romances como O Paciente Inglês – êxito de crítica e público, o melhor dos cenários para editores – e ressaltou que uma boa adaptação não é aquela que necessariamente é fiel ao livro, mas que mantém boas narrativas como foco.
Flávio Moura, editor da Companhia das Letras, abordou o mecanismo de compra de direitos autorais como indutor de outros projetos que não os livros, o que pode estimular produções audiovisuais. Um dos exemplos da editora foi a biografia Getúlio, do jornalista Lira Neto. Em três volumes, foi elaborada de 2008 a 2014. “É um trabalho muito extenso. Como você mantém o jornalista, financeiramente? Mas antes do livro ser finalizado, os direitos para filme já haviam sido comprados, o que viabilizou o tamanho da obra. As editoras, sozinhas, não têm tanto recurso”.
O papel do agente literário e as novas expectativas em torno dos autores foi assunto de Vivian Wyler, gerente editorial da Rocco. “Como editor, você não pode viver somente em meio aos livros. Para identificar uma história com bom potencial, é preciso estar ligado em outras coisas, em séries, quadrinhos, programas de TV”. A transformação do papel do agente literário também é evidente para Wyler. “Não se trata mais de alguém que vende o livro para a editora e recebe uma porcentagem. Ele deve ser atuante e produzir conteúdo, até porque o escritor agora também não é alguém isolado. Deve ser também um pouco performer. As pessoas querem ler o livro e encontrar o autor nas feiras literárias”. A Rocco tem em seu portfolio sucessos nas estantes e nas bilheterias como John Grisham ou a trilogia Jogos Vorazes.
HBO comemora 10 anos de produção original na América Latina com novos documentários brasileiros
O reconhecimento do sucesso das criações latino-americanas foi uma das tônicas de Roberto Rios, vice-presidente de Conteúdo Original da HBO Latin America no RioContentMarket. “Há 30 anos a HBO dos EUA já sabia da importância de conteúdo original, mas ainda não conseguiam produzir. Primeiro vieram as comédias no final dos anos de 1970, que revelaram talentos como Robin Williams. Depois, o sucesso nos anos de 1990 e 2000 de Sex and the City e Família Soprano.”
Para Rios, essa foi a pedra fundamental que possibilitou o começo das produções como aquelas feitas no Brasil: Mandrake ou Os Filhos do Carnaval. “Agora, em 2015, já somamos mais de 290 horas de conteúdo só no Brasil, e ao longo do tempo aprendemos muito. Descobrimos como era difícil fazer uma série sobre futebol, com partidas que parecessem reais, sons de estádio. Era por isso que ainda não existia nenhuma”.
“No início tudo era novo, um quebrar de pedras”, recordou Maria Angela de Jesus, diretora de Produção Original da HBO Latin America, também no painel. “Mas tínhamos um norte, e o que buscamos é originalidade, sempre pensando no que é relevante localmente. O canal também mostrou prévia de documentários que deve lançar, com produção feita no Brasil. Vaga, sobre a disputa de atletas brasileiros por uma vaga olímpica, Seleção Brasileira – Paixão de um Povo, e Clubversão, desafio no qual músicos têm um dia para criar uma versão de canções famosas.