Representantes do setor audiovisual fizeram uma carta aberta aos presidenciáveis publicada pelo jornal O Globo na sexta-feira, 12 de setembro. O documento pede aos candidatos compromisso claro com a manutenção e o aperfeiçoamento da política em vigor, a redução da burocracia e a liberação integral dos recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, que são gerados pela própria atividade. A carta conta com a assinatura de diretores, atores, produtores e representantes de instituições e entidades do mercado audiovisual, entre eles: Sérgio Sá Leitão, secretário municipal de cultura do Rio de Janeiro e presidente da RioFilme; Silvia Rabelo, presidente do SICAV; Marco Altberg, produtor e presidente da BRAVI, Clélia Bessa e Geórgia Costa Araújo, produtoras e conselheiras da BRAVI. O documento também conta com a assinatura de profissionais associados a entidade, como Andrucha Waddington, Breno Silveira e Pedro Buarque (Conspiração); Fabiano Gullane, Caio Gullane e Débora Ivanov (Gullane); Cao Hamburguer (Caos), Cacá Diegues e Renata Magalhães (Luz Mágica), Fernando Fraiha (Fraiha), Fernando Meirelles (O2), Iafa Bitz (Migdal), João Daniel Tikhomiroff (Mixer), José Henrique Fonseca (Zola); Lucy Barreto, Paula Barreto e Luiz Carlos Barreto (LC Barreto); Marcus Baldini (Damasco); Mayra Luccas, Paulo Bocato e Roberto Santucci (Glaz); Rodrigo Teixeira (RT Features), Tatiana Quintella (Popcorn Filmes), Vânia Catani (Bananeira Filmes), Vicente Amorim (Mixer) e Walquíria Barbosa (Total Entertainment).
Veja a carta e a lista na íntegra:
O SETOR AUDIOVISUAL E O DESENVOLVIMENTO DO BRASIL / CARTA ABERTA AOS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
O audiovisual brasileiro encontra-se em um dos melhores momentos de sua história. O salto vivenciado entre 2002 e 2013 é evidente. Passamos de 29 para 129 filmes brasileiros distribuídos anualmente. De 8% para 18,6% de participação na bilheteria. De 1,6 mil para 2,7 mil salas de cinema. De 91 milhões para 150 milhões de ingressos vendidos. De 3,55 milhões para 19,1 milhões de assinantes de TV paga. De 2 milhões para 165,5 milhões de acessos em banda larga. De 192 para 3,2 mil obras brasileiras exibidas em canais de TV paga. A taxa média anual de crescimento neste período foi três vezes maior do que a do conjunto da economia brasileira.
A participação do audiovisual no PIB chegou a 0,46%. O setor tem hoje um peso na economia do país maior do que o da indústria farmacêutica, por exemplo. E apresenta uma capacidade de geração de renda, empregos, tributos e valor agregado superior à média das atividades econômicas, com um salário per capita também superior à média nacional. Jamais se criou, produziu, exibiu e consumiu tantos produtos audiovisuais brasileiros como agora. E as perspectivas de crescimento também são evidentes. O setor se torna a cada dia maior e mais competitivo, elevando sua contribuição ao desenvolvimento do Brasil.
O mercado de cinema foi responsável, em 2012, por 110 mil empregos diretos e 120 mil indiretos, com um faturamento bruto de R$ 42,8 bilhões e uma massa salarial de R$ 4,2 bilhões, ou 2,6 vezes a do setor de turismo. É importante destacar que este excelente desempenho econômico foi acompanhado por uma inédita diversificação de gêneros, estilos, formatos e tipos de produtos e de meios de acesso, com um espaço cada vez maior para novos profissionais, de todas as regiões. O Brasil tornou-se o décimo mercado de cinema mundo. E deve crescer acima da media global em todos os segmentos do audiovisual até 2017, segundo estudo recente.
Este cenário positivo se deve ao trabalho e ao talento de milhares de profissionais de audiovisual em todo o país, nos segmentos de criação, produção, programação, distribuição, exibição, infra-estrutura, tecnologia, serviços, formação, difusão e outros. Se deve também à política pública de audiovisual implementada a partir de 1993, com a Lei do Audiovisual, e aprimorada desde 2002 com a instalação da Ancine, a criação do Fundo Setorial do Audiovisual, a promulgação da Lei da TV Paga, a realização dos programas Brasil de Todas as Telas e Cinema Perto de Você e as parcerias empreendidas pela Ancine com estados e municípios, entre outras medidas.
Os avanços da política de audiovisual são conquistas da sociedade. E foram vitais para se chegar ao momento atual. Por isso, quando o país se vê a menos de um mês da eleição presidencial, e os partidos apresentam seus programas de governo, nós, profissionais do audiovisual brasileiro, nos dirigimos aos candidatos para pedir um compromisso claro com a manutenção e o aperfeiçoamento da política em vigor; a redução da burocracia; e a liberação integral dos recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, que são gerados pela própria atividade. Assim, o setor continuará a crescer e poderá contribuir ainda mais para o sucesso do Brasil.
(Fontes dos dados: Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual / Ancine, “Impacto Econômico do Setor Audiovisual Brasileiro” / MPA, Sicav e Tendências, “Entertainment And Media Outlook 2013-2017” / PriceWaterhouseCoopers, “Impacto Econômico do Investimento Público em Audiovisual” / RioFilme e Filme B)
Brasil, 15 de setembro de 2014
Fonte: O Globo