Shyamalan e a liberdade criativa da TV

Como mais um representante do grupo de diretores e roteiristas de Hollywood que decidiram diversificar a sua carreira cinematográfica para dar uma oportunidade às séries de televisão, M. Night Shyamalan (“O Sexto Sentido”, “Sinais”) afirmou no primeiro dia do RioContentMarket 2015 que a produção da sua primeira série de TV, “Wayward Pines”, foi muito menos complicada e mais prazerosa do que ele esperava. O motivo principal: a ampla liberdade que os canais televisivos estão dando aos escritores para “fazer diferente”. “Ser um realizador particular trabalhando no cinema mainstream implica ter um espaço muito reduzido. Essa relação se inverte na televisão: hoje em dia, quanto mais diferente você puder fazer, tanto melhor”, destacou Shyamalan.

O criador atribuiu essa realidade ao fato de que a indústria do entretenimento funciona de forma cíclica. “Hoje o cinema dos EUA está muito baseado nos roteiros, enquanto nos conteúdos de televisão o que importa são os personagens”, sinalizou. Nesse sentido, ele acredita que os filmes americanos estão um pouco corrompidos por estarem excessivamente sujeitos a aspectos que garantam o sucesso de bilheteria, deixando a originalidade em segundo plano.

“Nos últimos quinze anos, a janela disponível para captar a atenção da audiência se encolheu de 45 minutos para uns 18 minutos. É preciso mandar uma mensagem clara e segura desde o início da historia. O formato televisivo garante mais fôlego nesse sentido”, comentou.

Falando especificamente sobre “Wayward Pines”, seriado que teve sua première mundial nessa terça no RioContentMarket, o diretor apontou como elemento inovador o fato de que a série tem a sua maior revelação na metade da historia. “É muito interessante porque após a revelação do segredo, a produção muda de gênero”, comentou Shyamalan, adicionando ainda mais suspense ao drama que estreia simultaneamente no dia 14 de maio em 125 países.

Ele também se referiu ao filme “The Visit”, um “pequeno thriller” que realizou no ano passado e já vendeu para Universal, com estreia prevista para setembro nos EUA. Interrogado sobre os motivos que o trouxeram à quinta edição do RioContentMarket, Shyamalan afirmou: “Escolhi o evento porque quero entender como a televisão afeta as pessoas em diferentes partes do mundo, como as minhas historias são recebidas aqui”.

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