O segundo dia do RioContentMarket recebeu em sua abertura uma entrevista do hitmaker Howard Gordon, autor, roteirista e produtor executivo vinculado a grandes nomes de clássicos modernos da TV, como “24 Horas”, “Arquivo X” e “Buffy: a Caça-Vampiros”. Em uma conversa descontraída conduzida pelo jornalista Maurício Stycer, Gordon analisou as experiências acumuladas nas suas inúmeras produções e afirmou: “hoje, os autores não têm tantas restrições como antigamente, tão ligadas a questões como anunciantes e os intervalos para o comercial”.
Na opinião de Howard, essa é uma das chaves da chamada “idade de ouro atual” da televisão. “Pode ser uma produção de oito capítulos ou de cem. Além disso, há poucos anos não era possível comprar produções serializadas; os canais exigiam que cada capítulo tivesse um encerramento da trama”.
“Pelo formato, achei que ‘24 Horas’ seria um nobre fracasso, pois é muito serializado. Felizmente, estava errado”. Quando perguntado pelo jornalista Maurício Stycer se o programa teria ganhado força depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, Gordon respondeu afirmativamente. “Acabamos escrevendo o show sob esse prisma, e o público o assistiu dessa forma também. Jack Bauer tornou-se um personagem diferente, enxergavam-no como um herói americano combatendo vilões e a burocracia, e que aos poucos, foi tornando-se mais sombrio”.
A conversa também abordou a importância de saber quando terminar uma série de TV. “Sempre queremos acabar bem, honrando os personagens, mas quando temos uma mina de ouro na mão, qual a hora de parar? É muito mais difícil do que começar, tanto para autores quanto para o público, ambos se apegam aos personagens”. Sobre seu próprio processo de escrita, Gordon foi enfático. “Odeio escrever. Porém, gosto de ter escrito. Espero que a tradução simultânea se concentre nesse detalhe!”.