Delegação brasileira comemora resultados positivos em Annecy

Em sua 42ª edição, o Festival Internacional de Filmes de Animação de Annecy recebeu 11.700 visitantes, número histórico e 17% maior que 2017. “Leica, Everything in Black and White”, da Vetor Zero/Lobo, venceu na categoria Filmes Comissionados (publicidade), e “Garoto Transcodificado a Partir de Fosfeno”, de Rodrigo Faustini, recebeu o prêmio Off-Limits na categoria Curtas

O maior festival de animação do mundo chegou ao fim com resultados positivos para a delegação brasileira, formada por 54 empresas integrantes dos projetos parceiros da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) com entidades setoriais que promovem as exportações dos segmentos de audiovisual e música: Brazilian Content, Brasil Music Exchange, Cinema do Brasil e FilmBrazil.

Com um espaço no Mifa (evento de negócios do festival) que passou de 9m² para 45m², a atuação integrada dos projetos setoriais contribuiu para a percepção positiva do mercado em relação ao potencial criativo do país. Cerca de mil pessoas visitaram o espaço Be Brasil no Mifa e tiveram contato com a produção nacional.

O Brasil foi o país homenageado pela organização do evento e contou com oito produções nas mostras competitivas, além da exibição de 15 sessões de homenagens à animação brasileira. A Apex-Brasil desenvolveu uma campanha de comunicação para o evento para comemorar os 100 anos da animação no Brasil.

“O saldo da participação brasileira em Annecy neste ano foi muito positivo. A presença no festival contribuiu para fortalecer nossa imagem e criar novas conexões, o que certamente trará avanços na inserção internacional do setor”, afirma a diretora de Negócios da Apex-Brasil, Márcia Nejaim.

A Hype.cg, produtora de Porto Alegre, por exemplo, comemorava na sexta-feira (15) a assinatura de acordo de coprodução com o Chile, no valor de US$ 1 milhão para a série de animação pré-escolar ‘Guitar & Drum”. “As negociações começaram no início do ano e se concretizaram aqui em Annecy”, revelou o CEO da empresa, Gabriel Garcia.

A Spirit Animation também era só animação. Sem trocadilho, Fernando Macedo anunciou a concretização do projeto de um longa-metragem 3D e stop motion, uma coprodução Brasil, Argentina e Peru. Outros dois negócios estão em andamento com Índia e Alemanha, sendo uma série 2D e um longa. Já Cid Makino e Jonas Brandão, da Split Studio, comemoravam a parceria com Sebastién Onomono e a produtora francesa Les Films d’Ici para o desenvolvimento do longa-metragem ‘Na trilha das borboletas azuis’, cujo curta já está em produção e deve ser lançado em Annecy 2019.

Seguindo a trilha das boas notícias, a Coala Filmes assinou com produtoras do Uruguai e da Argentina um acordo de coprodução do longa de animação “Pueblo Chico”, do diretor uruguaio Walter Tournier. “É meu primeiro trabalho em coprodução entre Brasil, Uruguai e Argentina”, disse Cesar Cabral, sócio-diretor da produtora. “A proposta é crescer nesse projeto pensando muito na parceria entre os países.” O projeto “Pueblo Chico” foi apresentado no pitching de Annecy e conta a história de um menino e sua vaca, em um povoado onde o metano expelido pelos animais é transformado em energia. A comédia questiona a perda do espírito de rebeldia dos adultos em um mundo repleto de ganância.

“Nesses eventos internacionais começamos relacionamentos muito promissores. Em um festival em que o Brasil era destaque, claro, isso foi ainda mais forte”, comentou Zé Brandão, da Copa Studio, que concorreu esse ano com o episódio ‘Eject Especial’, de Irmão do Jorel. Valu Vasconcelos, da Valu Animation Studios, reforçou essa impressão. Segundo ele, o fato desse ter sido o ano do Brasil em Annecy e da delegação brasileira ter um espaço maior no Mifa gerou ainda mais interesse e busca por conversas de negócios. Tanto que a produtora e a Ghost Jack Entertainment, do mineiro Cristiano Seixas, fecharam parceria com produtores da Ucrânia e da Coreia do Sul para a distribuição do projeto ‘Smart Babies.AI’, multiplataforma de educação e entretenimento voltada a crianças em idade pré-escolar. “Estou feliz que a gente conseguiu isso, ainda mais uma dobradinha dentro e fora do Brasil ao mesmo tempo”, afirmou Seixas.

Ainda durante o festival, estudo divulgado pelo BNDES estimou o mercado brasileiro de animação em R$ 4 bilhões em 2016. A produção de obras de animação cresceu quase 40% entre 2009 e 2015 e, nesse mesmo período, o número de registros de obras seriadas de animação cresceu quatro vezes. Números que corroboram levantamento de uma publicação especializada, segundo a qual em 2017, a animação brasileira viveu seu melhor momento em 22 anos, com o lançamento de sete longas-metragens e com o robusto crescimento na produção de séries animadas, que passaram de duas para 44 nos últimos dez anos.

O Ministério das Relações Exteriores, o BNDES e a Ancine integraram as organizações brasileiras que apoiaram a delegação esse ano.

 

 

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