Este ano a nova roupagem do RioContentMarket transformou o evento e fez com que ele batesse recorde de público: 8 mil pessoas passaram pela Cidades das Artes entre os dias 3 e 8 para falar sobre o mercado do audiovisual, entender as mudanças pelas quais o FSA (Fundo Setorial Audiovisual) está passando e ampliar as visões e conceitos de economia criativa. Pela primeira vez, setores como música e inovação tiveram espaço no festival, que, em 2018, assumiu o nome de Rio2C|RioContentMarket.
Para Mauro Garcia, presidente-executivo da BRAVI, “não apenas o RioContentMarket mudou de lugar, de data [antes, o evento acontecia em março] e de gestão, já que este ano não fomos mais organizadores, mas coprodutores. O mais significativo foi a mudança de formato gerando a convivência de várias áreas afins da economia criativa ocupando o mesmo espaço: audiovisual, inovação, games, música etc. Áreas que estão todas conectadas, e esse novo formato entra diretamente no mundo em que a gente vive, multifacetado. Esse é o maior ganho do evento. Não dá mais para enxergar o audiovisual sozinho. Ter atividades específicas para o público também foi uma grande conquista, pois só assim faremos a conexão do público com o produtor independente responsável pela criação e produção”, analisou. “Uma série de TV tem uma produtora audiovisual independente por trás. Uma empresa, muitos profissionais, geração de propriedades intelectuais. Criação e desenvolvimento de histórias para ao público. Estreitar essa relação, dar esse conhecimento talvez seja o primeiro passo para fazer esse conceito de produtora independente chegar definitivamente ao público brasileiro.”
Já segundo a gerente-executiva do Brazilian Content, Rachel do Valle, “um dos grandes ganhos desta edição foi a atuação em conjunto dos cinco projetos de exportação da economia criativa apoiados pela Apex-Brasil”. Os produtores independentes encontraram no Espaço Be Brasil, área que contou com programação especial pensada e montada pelo Brazilian Content em conjunto com os projetos de exportação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
(Apex-Brasil) Brasil Music Exchange (BME), Brazilian Game Developers (BGD), Cinema do Brasil e Film Brazil, o palco de muitas discussões que não só pautaram o evento como os ajudaram a semear ideias e negócios. “A sinergia com empresas de cinema e publicidade já aconteciam naturalmente nos anos anteriores do RioContentMarket, mas em 2018 a ação ficou mais fortalecida e maior, com a entrada de música e games”. Rachel ressalta outros destaques da agenda internacional, como os painéis sobre Annecy, Reino Unido e China, por exemplo.
A edição 2018 do Rio2C ficará marcada por ter sido a primeira a contar com a participação de uma delegação chinesa: representantes do China Film Archive reuniram-se com o diretor-presidente da ANCINE, Christian de Castro, juntamente com Mauro Garcia, Igor Germano, representando o Itamaraty, Augusto de Castro, da Apex-Brasil, e Leila Bourdoukan, do Cinema do Brasil. A reunião reforçou os laços que já vinham se estreitando entre os países na área de audiovisual desde o MIP China, que aconteceu em maio do ano passado. O acordo de coprodução para cinema e TV existente entre o Brasil e o Reino Unido desde o ano passado também teve seu espaço durante o festival, em duas mesas diferentes: uma promovida pela Pact – Producers Alliance for Cinema and Television, entidade representante das produtoras independentes de audiovisual naquele país e outra moderada por Rachel do Valle com grandes produtoras britânicas, como Carnival Films (de Daowntown Abby) e Spring Films (vencedora de Emmys e Oscars). Também durante o evento, a associada Animaking anunciou importante parceria internacional com o estúdio de animação Cosmos-Maya, que é líder na Ásia. As empresas vão coproduzir a série animada “Popcorn”.
No evento, representantes da BRAVI de diversos cantos do país, conselheiros e associados da entidade se encontraram e participaram ou assistiram a painéis. Entre os presentes estavam os representantes federais da BRAVI Fernando Dias (Grifa Filmes), que marcou presença na plenária “Os desafios da coprodução internacional” junto de Andre Breitman, da 2DLab, Luis Antonio Silveira (Canal Azul) e Beto Rodrigues (Panda Filmes); Marco Altberg (Indiana Produções), que participou das discussões “Encomenda Drama”, no Espaço, e “Cultura Gera Futuro – O Ministério da Cultura e o desenvolvimento da economia criativa no Brasil”, que aconteceu na Grande Sala Petrobras; e Georgia Costa Araujo (Coração da Selva), que integrou a mesa “As oportunidades das coproduções regionais”. Já Clelia Bessa (Raccord Produções) foi convidada em dois momentos: “Audiovisual Gera Futuro – ANCINE em transformação” e “Distribuição – Estratégias de lançamento e longevidade das janelas”, que foram apresentados no Teatro de Câmara Oi. Os representantes estaduais Sylvia Abreu, da Bahia (Truq), e Wolney Oliveira, do Ceará (Bucanero Filmes) também participaram das atividades do Espaço.
Já uma iniciativa local para estreitar os laços entre o mercado audiovisual/economia criativa e a formação acadêmica foi promovida pela BRAVI e pelo ICAB (Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros). Representantes de 13 instituições de ensino (UFF, UFJF, UFSCAR, USP, UFRJ, UNIRIO, UNISUAM, ESPM, FAAP, PUC, UNESA, FACHA e UVA) estiveram no evento, onde foram apresentados ao seu novo formato, puderam assistir a painéis e debates, trocar informações e expandir sua rede de contatos.