Reunidos para debater sobre o mercado hispânico de conteúdos, os executivos Marcello Coltro (Cisneros Media), Roberto Romagnoli (TV Azteca) e Mauricio Fittipaldi (Televisa) se encontraram no último dia do RioContentMarket 2015 com o roteirista e VP de produção do canal colombiano RCN Televisión, Fernando Gaitán.
O objetivo: contribuir para estabelecer pontes entre o Brasil e o resto do continente latino-americano, uma tarefa que tem se mostrado historicamente difícil. “É por causa da barreira idiomática ou tem outros motivos?”, perguntou o moderador Fittipaldi. Coltro disse que não, e colocou como exemplos recentes as telenovelas da Coréia e da Turquia, que têm viajado muito na região, especialmente a produção turca 1001 Noites (Global Agency), que liderou o Ibope no Chile na última temporada.
“Não é a barreira da língua. O que falta no Brasil (que grandes players como a Globo e a Record já sabem há muitos anos) é o entendimento do negócio. Os temas regulatórios locais têm influenciado muito os produtores independentes, que não vem se concentrado tanto no mercado internacional”, sublinhou Coltro. Segundo ele, o fato de se prepararem para atender o mercado local não impede as produtoras de se desenvolverem internacionalmente, principalmente no sentido do conhecimento da cadeia de valor da exibição dos conteúdos.
Coltro mencionou que a Cisneros, corporação internacional que produz 5 mil horas de programação por ano, trabalha bastante com comercialização de roteiros para vários mercados. “Estamos esperando para ver se a Fox pega o piloto que a CBS está produzindo do nosso formato de telenovela Los Secretos de Lucía no mercado americano”, revelou.
A dicotomia na hora de decidir se produzir pensando nas audiências locais ou globais é um fenômeno que preocupa Gaitán. “Existe uma desagregação dos conteúdos em diversas mídias e territórios. Hoje a gente se pergunta, onde devemos estar? Onde está o nosso verdadeiro público?”. O produtor afirmou que a questão não é simples de resolver, mas que o RCN tomou a decisão de “defender a tela local” como principio básico para poder eventualmente alcançar uma expansão fora de fronteiras.
Já a TV Azteca, segunda maior companhia de mídia do México, acredita que é preciso correr atrás do consumidor em cada uma das telas, sem deixar de renovar as histórias. “Os jovens cada vez assistem menos televisão. Hoje em dia, concorremos com o mercado geral de entretenimento (empresas de celulares, conteúdos para iPads, entre outros) e lutamos para obter um lugar no tempo da população. É uma concorrência feroz”, salientou Romagnoli.