Abertura do RioMarket destaca o interesse dos canais pela produção independente e a busca pela qualidade e expertise

Começou na quarta-feira, 24, o RioMarket, cuja abertura foi feita pela diretora do festival, Walkiria Barbosa. Na oportunidade, Walkiria destacou o crescimento do evento e do setor audiovisual, e ainda sem dar detalhes, divulgou o andamento um projeto da capacitação técnica para jovens de famílias de baixa renda.

O painel de abertura do RioMarket teve como tema “Como atender ao perfil de programação e custos de produção do canal?”. A mediação foi feita pelo  conselheiro federal da Associação Brasileira de Produtoras Independente de Televisão (BRAVI) e diretor da Cine Group, Luis Antonio Silveira. Participaram do painel, Milton Xavier (Universal Channel), Krishna Mahon (A&E Ole Network), Caio Carvalho (Rádio e TV Bandeirantes) e Claudia Cortez (Arte 1).

Luis Antonio deu início ao debate abordando como está hoje a relação do canal com a produção independente. Krishna destacou as mudanças no mercado após a lei 12485. Citou que para os canais internacionais era muito difícil visualizar o potencial da produção nacional independente e que só após o sucesso de pequenos projetos realizados com produtoras independentes foi possível defender esse tipo de parceria. Somente após parcerias de sucesso como “History Drink” (interprograma de animação, já na 3ª temporada, exibido no Brasil e na América Latina), realizado pela Tortuga Studios, e “O Infiltrado” (na segunda temporada – uma das maiores audiências do canal no Brasil), foi possível comprovar e defender a importância da parceria de empresas internacionais com o mercado brasileiro independente. Caio Carvalho disse que tem aprendido muito sobre esse novo mercado e pontuou que parte de sua atenção agora está voltada a formação de público jovem. Todos os representantes de canais indicaram a importância dos mecanismos de fomento na ampliação do desenvolvimento de parcerias, mas reclamaram da burocracia e da falta de previsibilidade de acesso às verbas (capital), o que muitas vezes inviabiliza a realização de projetos.

Produtor internacional, Luis Antonio levantou uma das questões cruciais dos produtores independentes: o que interessa aos canais e como apresentar projetos aos mesmos? Krishna destacou que o interesse dos canais A&E está em séries baseadas em personagens fortes, com conteúdo, e se possível com “pegada” de humor. A executiva contou que recebe projetos por e-mail, realiza diariamente pelo menos uma reunião com produtores independentes, e destacou a importância do trabalho de aproximação que a BRAVI promove, através de eventos, encontros e do Brazilian TV Producers, o programa internacional da Associação. “ A Equipe BTVP sempre traz informações novas de mercado e demandas da produção independente que são fundamentais”.

Caio indicou que o Arte 1 está aberto à apresentação de projetos, mas é importante o produtor estar atento ao foco do canal. Contou ainda que em maio de 2015 será realizado pelo canal Arte 1 evento de premiação dos melhores realizadores do setor cultural. Entre as várias categorias estão: melhor filme, melhor série e melhor exposição. Curadora do canal Arte 1, Claudia Cortez, destacou que o canal ainda depende muito do apoio dos mecanismos de fomento, do fundo setorial, mas que estão abertos a novos modelos de negócios.

Milton também destacou como fundamental o expertise, a capacidade de entrega do produto e planejamento como fatores fundamentais para desenvolvimento de parcerias com os produtores independentes. “Um canal internacional não entende todas as características do mercado e da produção nacional”, explicou. Isso poderá inclusive definir ou não a realização de um projeto com recursos próprios do canal. Foi o caso da telessérie Cinelab, da Boutique Filmes, série de 13 episódios que teve sua primeira temporada viabilizada pelo canal. O projeto faz parte das ações de comemoração dos 10 anos do canal Universal Channel e está em fase de desenvolvimento da segunda temporada. As inscrição de projetos podem ser feitas através do site da Universal – www.universalprojetos@nbcuni.com.br

O segundo painel realizado no dia de abertura do RioMarket TV, teve como tema “O formato série chegou na TV aberta?”. O presidente da BRAVI e produtor, Marco Altberg foi o mediador da palestra que contou ainda com a participação José Amâncio (diretor / Rede Record), Mauro Wilson (roteirista e diretor / TV Globo) e do diretor e roteirista, Paulo Fontenelle.

Altberg abriu o painel falando da importância da parceria da BRAVI com  Festival do Rio e o RioMarket, e do papel do RioContentMarket na ampliação do diálogo entre o mercado audiovisual e a produção independente. Mauro Wilson destacou o bom momento do mercado audiovisual, principalmente para autores e roteiristas: “Nunca vi um momento tão bom. Se eu pudesse começava agora”. A busca pela qualidade e inovação, a ponto de correr riscos, tem sido uma das principais metas, pelo menos para Rede Globo. Para Mauro, esse é o grande fato de destaque do momento: mais tempo de produção e desenvolvimento das séries, menos episódios e temporadas de acordo com o retorno de mercado. Um modelo influenciado pelo mercado internacional. Em função dessa necessidade a Rede Globo está investido em fóruns e oficinas para desenvolvimento de séries, novelas, esquetes e programas de variedades. Mauro destacou ainda que as pessoas querem ver na TV o mundo delas, o que favorece a produção nacional, em todos os lugares do mundo. E citou ainda que hoje o que mais se procura no mercado é a figura do profissional conhecido como “showrunner”, aquele que cria, desenvolve e acompanha o projeto.

Diretor da série “Se Eu Fosse Você” (uma das maiores audiências da TV por assinatura durante a exibição da primeira temporada), Paulo Fontenelle ressaltou que as séries sempre fizeram parte da programação dos canais, mas eram produzidas internamente. A grande novidade é que agora as portas estão abertas aos produtores independentes. “Hoje existe abertura para ouvir boas ideias”, apontou. Fontenelle também é o diretor da série “Meu Amigo Encosto”, produzida pela Panorâmica, que acaba de estrear no canal VIVA. Fontenelle contou que a parceria do canal com a Panorâmica surgiu, principalmente, em função da bem sucedida realização do seriado “Gaby Estrella” para o canal Gloob.

José Amâncio aproveitou o painel para contar que também já foi um produtor independente, por isso entende e defende dentro da Rede Record apoio e parceria com o segmento. No ponto de vista do diretor, essa é uma tendência que chegou ao Brasil tardiamente. Amâncio destacou que a Rede Record está atenta às tendências, inclusive que as séries independentes realizadas recentemente para Record foram apresentadas durante o RioContentMarket, maior evento do mercado audiovisual para a América Latina, realizado pela BRAVI. “Estamos atentos a todas as linhas de pensamentos e possibilidades”, afirmou. Quanto ao público alvo e perfil dos canais a resposta foi direta: “O que define o público é a história e o horário. A TV precisa atender a todos os públicos”.

Marco Altberg finalizou o painel lembrando que o setor audiovisual vive um momento de mudanças. Já não existe somente uma janela de exibição e que a perspectiva é que esse mercado se amplie ainda mais. É preciso estar atento às novas possibilidades e buscar formas de realização.

O RioMarket, acontece no Rio de Janeiro até o dia 2 de outubro. A programação, dividida nos segmentos RioMarketTV e RioMarket Film, inclui diversas atividades, como: RioSeminars e Workshops, RioScreenings e Rodadas de Negócios. Associados BRAVI têm 25% de desconto.

Confira a programação completa em www.riomarket.com.br

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