O jornalista Brett Martin, autor do livro Homens Difíceis – que explora os bastidores de séries como Mad Men, Família Soprano e Breaking Bad – explicou a uma sala lotada no RioContentMarket os elementos que tornaram possível o surgimento de séries inovadoras na TV norte-americana ao longo dos últimos anos. Entre diversas delas, a identidade autoral dos criadores e uso maior de cenas violentas é fator comum. “A partir de The Sopranos (1999-2007) uma série de histórias com personagens mais complexos e violentos como Dexter, The Wire, Breaking Bad e Madmen reestabeleceram o que era adequado para a televisão. “Eles desafiam a audiência a confrontar seus próprios valores, e por que estão torcendo para aquele personagem. Escritores e criativos podem fazer coisas que antes apenas sonhavam em fazer”.
Para Martin, uma revolução como essa acontece somente dando poder à criação. “Parece simples colocando dessa forma, mas trata-se da combinação de uma série de fatores. Como escritor, sei que os executivos têm de estar desesperados para apelar aos artistas. Não é algo fácil entregar sua corporação milionária na mão deles. Entretanto, uma das figuras mais importantes nesse cenário é o showrunner (criador do seriado), que tem poderes quase divinos sobre todas as decisões.”
A tecnologia também exerceu papel fundamental na criação de cenários e ambientes envolventes. “Imagens incríveis eram reservados somente às telas de cinema antes. Mas o modo como consumimos também se alterou. Há streaming e caixas de temporadas que nos fazem ficar acordados até às 3h”. Além disso, o pioneirismo da HBO, para Martin, foi decisivo na transformação de séries em marcas. “Você precisa tê-las, senão não conseguirá falar a respeito do que está acontecendo com o pessoal do trabalho no dia seguinte. Se você não produzir conteúdo original, se não tiver algo que ninguém mais tem, seu canal vai desaparecer”.