Conhecidos como Cabeqs, os canais brasileiros de espaço qualificado ganharam as grades das operadoras com a Lei 12.485, mas ainda têm dificuldades com a classificação e prazo de utilização dos conteúdos
Os canais brasileiros de espaço qualificado, conhecidos como Cabeqs, que são de programadoras brasileiras e exibem majoritariamente conteúdo nacional no horário nobre, foram bastante favorecidos com a Lei 12.485 que, entre as mudanças que trouxe para o setor da TV paga, exige o empacotamento de um Cabeq para cada três canais de espaço qualificado. O lançamento de alguns foi facilitado pela Lei, como o Canal Curta! e os canais da BoxBrazilTV; outros viram a base crescer exponencialmente, como o Canal Brasil, que sai dos 3,5 milhões para 12 milhões de assinantes ao entrar nos pacotes básicos. Apesar disso, esses canais ainda enfrentam algumas dificuldades que foram debatidas na manhã de quinta-feira, 13, no RioContentMarket.
Rodrigo Lariú, gerente de produção da PlayTV, conta que muitos programas da grade do canal foram classificados como jornalísticos pela Ancine e, portanto, não poderiam cumprir as cotas. O canal teve que rever a grade de programação, além de procurar conteúdos junto aos produtores independentes, o que deu frescor à programação. No entanto, Lariú acredita que a flexibilidade na classificação seria interessante. “Se fosse um pouco mais flexível ajudaria os canais e as programadoras”, opinou.
O diretor-presidente da BoxBrazilTV, Cícero Aragon, observa que as especificidades dos canais deveriam ser levadas em consideração para a classificação da Ancine. Hermes Leal, diretor de conteúdo do CineBrasilTV, falou sobre a dificuldade de se conseguir conteúdos de produtores independentes fora do eixo Rio de Janeiro e São Paulo e Afrânio Gomes, coordenador de programação do Canal Brasil, destacou a vida curta dos conteúdos, determinada pelos prazos da Lei para a exibição. “Temos filmes bons que após um ano ficam congelados”, ressaltou.
Para Júlio Worcman, sócio-diretor do canal Curta!, não há dificuldades em encontrar conteúdos. Ele também não vê obstáculos na classificação indicativa.” A lei veio para promover a produção independente, não a produção de jornalismo”, lembra. Os aspectos financeiros, no entanto, ainda são entraves e merecem atenção, na opinião de Worcman. “Não foi assegurada uma receita dos canais independentes por assinante. Ainda não é comparável a dos demais canais. Assim, a capacidade de investimento fica comprometida. É uma questão de calibragem”, disse.