Criador de Homeland fala sobre processo criativo e compara série com original israelense

Uma das mais bem sucedidas séries da atualidade, Homeland, foi tema de um dos primeiros encontros do RioContentMarket 2014. Seu criador, o israelense Gideon Raff, foi sabatinado por Alexandre Sivolela, sócio-diretor da Segunda-Feira Filmes,  e o diretor dinamarquês Nikolaj Scherfig.

Entre os temas da conversa, as diferenças e adaptações de Hatufim (Prisioners of War), série original israelense de Raff, e a versão norte-americana.  “Quando comecei a pesquisar a vida dos prisioneiros de guerra que retornam, percebi que, apesar de Israel ser obcecado por guerra, uma vez que esses soldados voltam para casa, ninguém mais se importa. Israel tem atualmente 1.500 ex-prisioneiros, que depois de voltar entram em inatividade. Pagamos caro para vê-los de volta, e precisamos de um final feliz que nunca vem por conta dos traumas. Muitos nem querem falar a respeito, e a versão israelense ajudou a quebrar o tabu”.

Para Raff, criar essa história também abordou um lado pessoal. “Israel é um país pequeno e o serviço militar é obrigatório. Fui paraquedista por três anos. Quando acontece alguma coisa com um soldado, é provável que você o conheça. Então é parte do meu DNA. Nasci e cresci lá, mas toda vez que volto de Los Angeles, o lugar que conhecia como lar está um pouco diferente e todo mundo envelheceu. Nas devidas proporções, é isso que esses prisioneiros sentem”.

Ele também comentou diferenças entre produzir e dirigir nos dois países. “Nos EUA é muito raro escrever e dirigir, porque o modo como se faz é diferente. Em Israel, Hatufim tem 12 episódios por temporada e eu escrevo tudo e depois gravo. Nos EUA, enquanto escrevo, outro diretor trabalha nas filmagens. Ou seja, a série é escrita enquanto é rodada. Mas tudo que se vê em Homeland que parece Oriente Médio é locação que também foi usada em Hatufim, em território israelense e com a mesma equipe da série original”. De acordo com o roteirista e criador, a primeira temporada das duas séries é onde se vê maiores similaridades temáticas e de personagens. “A partir da segunda temporada são realmente duas séries bem diferentes. Uma das grandes questões é o personagem bipolar da Claire Daines. Sabíamos que seria um personagem sombrio que faria de tudo para descobrir a verdade, mas a bipolaridade funciona como uma habilidade especial, que cobra um preço alto”.

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