O Atlas Econômico da Cultura Brasileira, lançado na última quarta-feira, 5, pelo Ministério da Cultura, estima que os setores culturais brasileiros representavam, em 2010, cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) anual do País.
A coleção, que terá seis partes, visa estabelecer uma padronização para medir a participação da cultura no Produto Interno Bruto. O Atlas aponta ainda para algumas das cadeias produtivas que serão estudadas de forma prioritária: audiovisual, games, mercado editorial, música e museus e patrimônio.
A pesquisa para a elaboração do Atlas começou em 2013 e foi desenvolvida em cooperação com a Universidade Federal Rio Grande do Sul (UFRGS). Segundo o coordenador do Núcleo de Estudos em Economia Criativa e da Cultura da UFRGS, Leandro Valiati, os setores nacionais da música e da moda atualmente são os mais pujantes economicamente. No entanto, sofrem com a falta de reconhecimento econômico.
A medição do “PIB da Cultura” já existe em 21 países no mundo, sendo sete na América do Sul (Colômbia, Chile, Uruguai, Argentina, Peru, Bolívia e Equador). No Brasil, segundo o ministério, os dados existentes não são construídos com a periodicidade necessária para poder ser comparados. Também não há consenso no setor sobre quais setores e subsetores deveriam ser acompanhados.
Audiovisual
Entre os dados trazidos pelo Atlas, há muita informação sobre o mercado audiovisual brasileiro, que é responsável por 0,44% do valor agregado da economia brasileira, com receita operacional estimada das empresas que compõem o setor de R$ 42,7 bilhões em 2015. É o que revela o artigo “Panorama Geral do Mercado Audiovisual Brasileiro”, de autoria de Odete Cruz, coordenadora geral do estudo “Mapeamento e Impacto Econômico do Setor Audiovisual no Brasil”, organizado pela Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais (Apro), Sebrae e Fundação Dom Cabral (FDC) em 2016. Um dos destaques, segundo o estudo, é o aumento significativo de estabelecimentos de produção e pós-produção, passando de 1.091, em 2007, para 2.495 em 2014. Em relação ao video on demand (VoD), há estimativas importantes de crescimento. O VoD muda as formas de consumo para muitos indivíduos, mas até 2020 é possível prever que os modelos tradicionais de consumo de serviços audiovisuais ainda vão se manter como mais relevantes. Em relação ao segmento cinematográfico, o número de salas de exibição no país passou de 2.110, em 2009, para de 3.005, em 2015. O percentual de salas de cinema digitais dobrou em dois anos, passando de 31,1% (equivalente a 784 salas), em 2012, para 95,6% (equivalente a 2.874 salas) em 2015. O público total também cresceu 53% de 2009 a 2015, passando a 172,9 milhões de espectadores nesse último ano. As mudanças regulatórias promovidas pela Agência Nacional do Cinema (ANCINE) elevaram o desempenho do setor, que passou a produzir mais de 100 obras nos últimos anos, bem acima das 70 a 90 obras nacionais lançadas até 2012.
Sobre o Atlas
Com investimento de R$ 1,3 milhão por parte do MinC, a obra completa da Coleção Atlas tem conclusão prevista para abril de 2018. Os próximos volumes serão lançados a cada trimestre. Em junho, deve ser lançado o terceiro. Também serão publicados cadernos setoriais contendo informações específicas sobre a cadeia produtiva de setores que compõem a economia da cultura.
O Atlas estará disponível em formato digital no Portal do MinC a partir de julho, em uma plataforma digital aberta, que poderá ser atualizada automaticamente on-line e dar transparência aos dados do setor.