“Falta ousadia para apostar no novo”. A conclusão é de Paulo Fontenelle, diretor e roteirista – responsável pelo sucesso da série “Se Eu Fosse Você” em debate no painel Comédia Brasileira, hoje, no RioContentMarket (RCM). “Quando vamos oferecer um projeto para um canal ou distribuidora, normalmente o contratante prefere o que já está fazendo sucesso. Quando a gente só oferece comédia, o público vai preferir comédia. Eu nem devia estar dizendo isso, porque eu escrevo comédia e posso estar perdendo trabalho. Mas faz parte da formação de publico”, ponderou o profissional.
Fontenelle dividiu a mesa sobre humor com Bruno Mazzeo e Mauro Wilson, com mediação do diretor da Total Entertainment e um dos organizadores do Festival do Rio, Marcos Didonet, para revelarem seus processos de criação. Roteirista da grande vencedora do Emmy 2012 de melhor comédia, “A Mulher Invisível”, Mauro destacou a necessidade de trabalhar uma temática que seja universal – a que atribui a boa acolhida internacional da série. E revelou que, “não tem jeito”, pensa em comédia o tempo inteiro. “Se você me contar sua historia num bar e ela for engraçada, pode ter certeza que eu vou roubá-la”, brincou.
Wilson também deu uma dica para o auditório lotado de roteiristas: “comedia é trazer o equilíbrio para o desequilíbrio. Temos o Lineu, que e um cara sério; e aí, precisamos do Agostinho, que é o contraponto”, ele cita os personagens do seriado “A Grande Família”, do qual é redator final. Mazzeo concordou. E emendou: “piada é identificação. Se eu fizer uma piada com a economia da Noruega, ninguém vai rir.” Para ele, o excesso da abordagem do gênero no cinema tende a apontar para uma perda da qualidade da comédia. “Para vender bilhetes, muita gente tem investido no gênero para fazer comédia rasa, com pouco humor crítico”, finalizou.