SXSW traz inovação e boas oportunidades para produtoras independentes

Desde oito de março acontece em Austin, no Texas, o festival SXSW, considerado o maior em termos de inovação, tecnologia e nas relações dessas atividades com mídia e entretenimento. É um evento obrigatório para aqueles que pensam inovação, entretenimento e tecnologia e querem estar atualizados sobre o debate mais recente sobre onde estamos, pra onde vamos e como fazer parte da transformação do mundo em que vivemos. Diferentemente das feiras de negócios (NATPE, MIPCOM, AFM), nas quais os produtores comparecem para reuniões de 30 minutos, o SXSW conclama os participantes a conferências e debates de 1 hora de duração ao longo de todo o dia. Até o próximo dia 17, serão mais de 50 conferências simultâneas, o que permite ao participante ter uma experiência completamente diferente do outro, tornando-se curador do seu próprio evento. As conferências são o prato principal e as reuniões são a sobremesa, que ficam espremidas entre painéis ou momentos de network oferecidos pelo evento.

Neste ano houve muitos painéis sobre criações artísticas feitas por inteligência artificial. A Google trouxe a experiência de uma primeira composição para piano feita por um computador. A máquina estuda combinações matemáticas e prepara, com base nos dados de músicas colocadas em seu sistema inteligente, uma composição original. Essas iniciativas de criação artística e intelectual permeiam inúmeros painéis sobre o tema, incluindo composição de roteiros por inteligência artificial. Elon Musk, CEO da Tesla Motors, afirmou no evento do ano passado que temia a evolução dessa tecnologia e que ela deveria ser regulada, pois um monstro estaria em construção: empregos seriam extintos e o ser humano estaria construindo sua própria cova. Será que chegamos no temido momento em que a máquina poderá substituir totalmente a criatividade humana?

O SXSW traz uma série de dicas e inspirações de negócio do ponto de vista prático. Ontem, a NASA apresentou suas políticas para uso de logo e de imagens de arquivo que disponibiliza, deixando claro que qualquer produtora pode produzir com sua marca, bastando seguir um conjunto de regras. Ao contrário do que se pode supor, eles adoram a ideia de mais e mais produtos tratarem de suas missões no espaço e de diferentes pontos de vista da descoberta do universo. Tal como o da NASA, outros tantos painéis trouxeram essas ideias práticas que inspiram projetos e construção de modelos de negócio

O evento discute também os modelos de negócio para novos mercados, como AR, VR e XR. Hoje, último dia da vertical de interatividade, foram debatidos temas mais além do storytelling, como monetização nas plataformas e distribuição esses conteúdos via blockchain. Além dos painéis, o Virtual Cinema ofereceu 27 experiências de VR através das quais o público pôde conhecer os conteúdos mais atuais dessas tecnologias.

Por fim, o evento não deixou de lado o debate sociopolítico. O diretor brasileiro Fernando Meirelles participou de um painel com Claudinete Colé, coordenadora da Arqmo, que deixou sua comunidade na Amazônia para dividir com o mundo o que está acontecendo com a floresta e as comunidades quilombolas que nela habitam. Basicamente, o painel discutiu que mais de 20% da floresta já foi destruída pela ação humana, com perda de biodiversidade e início de um processo de desertificação. Foi compartilhada com a audiência o trabalho feito pelo portal MAPBIOMAS (www.mapbiomas.org) que permite acompanharmos desde 1985 a ação de desmatamento da floresta, com possibilidade real de punir os responsáveis por destruir cada uma das áreas.

Fábio Cesnik
CQS Advogados
Sócio
cesnik@cqs.adv.br

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